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O RIO QUE NOS UNE

Hannah Arendt em seu livro "Homens em tempos sombrios" diz que todos os tempos são mais ou menos sombrios. O que a interessava, ao escrever aqueles ensaios, era justamente buscar os pontos que resistem através das experiências vitais que insistiam em transbordar contra a banalidade da destruição.

Diante do cenário sombrio que vivemos no ano de 2020, em diversos aspectos, o grupo “O fio que nos une”, entendendo a importância de se manter firme e unido frente as adversidades, decidiu realizar uma produção que pudesse reforçar os laços de cuidado e afeto, tão caros a esse grupo, através da potencia do fio que sempre nos uniu: o fio da arte, da poesia.

 

Frente a destruição de perspectivas apresentadas pelos desdobramentos de uma pandemia, tivemos a ideia inicial de criar um bordado que pudesse ser feito a distância mas que, por essência, possuísse um fluxo comum. Foi então que decidimos pelo desenho de um rio. Dentro desse rio estariam presentes todos os sentimentos vividos durante o período de isolamento: traumas, medos, ansiedades, pequenas e grandes alegrias, crises, solidões e por aí vai. A ideia era que esse rio pudesse criar um movimento de trocas e encontros e metaforizar as conversas que temos nos encontros presenciais do grupo, sempre tão acolhedoras. Aliás, o maior desafio enfrentado pelo grupo foi o desafio da não presença, o fato de estarmos impedidos de nos encontrarmos todos os meses, como habitual, como gostamos de fazer.

 

Esse rio foi sendo confeccionado durante o ano de 2020 com a ajuda de: Coletivo Meio Fio, Rochele Beatriz, Serena Labate, Ana Martins Marques, Julia Panadés e mais uma linhagem de referências de vários campos artísticos.

 

O resultado é esse. Um trabalho que pulsa energia afetuosa e desejo de conexão em um fluxo sempre constante, um fluxo que nasce e busca meios de fluir e crescer em conjunto, mesmo com as adversidades, um fluxo intenso de energia vital, um ponto de resistência. Assim como é um rio.

Natame Diniz

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